Em Busca do Tempo Perdido: Os 7 Melhores Livros de Marcel Proust
Você já ouviu falar sobre algum livro de Marcel Proust? Ou melhor dizer, você sabe quem é Marcel Proust?
Bom, este é nada menos que o nome de um dos autores mais famosos, mais influentes e mais discutidos há décadas.
Marcel Proust nasceu em 10 de julho de 1871, no interior da França e faleceu na capital, Paris, em 18 de novembro de 1922.
As obras de Proust têm um peso para a discussão social e filosófica do amor romântico tão grande que alguns estudiosos chegam a colocá-los abaixo apenas do famoso psicanalista Sigmund Freud.
Além disso, suas obras retratam e refletem com perfeição e credibilidade a sociedade aristocrata europeia do século passado. Um belo exemplo disso é a sua série de livros mais famosa, intitulada “Em busca do tempo perdido”.
Esta obra que acompanha a vida do protagonista, de mesmo nome do autor, do início ao fim, tem o poder de nos trazer reflexões incomparáveis a respeito do amor, comportamento social e nossos próprios conceitos.
Pensando nisso, hoje o Café e Livros vai te mostrar um pouco sobre a série de livros “Em Busca do tempo perdido”: os 7 melhores livros de Marcel Proust.
Conteúdo:
ToggleNo caminho de Swan
Este é considerado um livro de leitura densa. Isso porque “Um amor de Swann” contém uma escrita construída por uma linguagem mais rebuscada que a maioria dos livros contemporâneos, o que é bastante compreensível, levando em conta a época de lançamento.
Mas não ache que isso torna a leitura maçante ou chata, pelo contrário, pois apesar da linguagem rebuscada e cheia de pompa, a história é muito linda e poética, e acaba combinando com esse estilo de escrita.
Ele é dividido em três partes
A primeira é narrada em primeira pessoa e se inicia com uma das cenas mais famosas da literatura, que é quando o protagonista do livro mergulha uma espécie de bolinho em seu chá, o que lhe traz uma grande quantidade de memórias.
Isso acontece em uma casa que sua família tem em uma província francesa, e junto com ele nós somos levados através de várias memórias antigas e não muito confiáveis de sua infância nessa casa.
A segunda parte é narrada em terceira pessoa e fala de Swann, um conhecido da família. Um homem difícil de decifrar, pois parecia ter uma personalidade para cada um que o conhecia, e sobre o seu amor avassalador por Odette, que nos faz refletir ao final dessa parte.
A terceira parte volta para o narrador e trata de amor, mas falar mais que isso já é dar spoiler.
É o tipo de leitura que nos instiga e nos prende. Ela vale muito a pena e chegou a render uma adaptação para o cinema em 1984.
À sombra das raparigas em flor
Para quem leu o livro anterior e achou uma leitura difícil, saiba que esse segundo volume de “Em busca do tempo perdido” é considerado uma leitura bem mais leve e fluida que a do anterior.
Aqui nós reencontramos o protagonista, Marcel, já mais crescido, mas não adulto ainda.
O livro é dividido em duas partes, sendo a primeira parte focada em nos mostrar Marcel e seus pais em sua vida em Paris, e lá ele se apaixona pela primeira vez.
A moça por quem ele se apaixona se cama Gilberte e é filha de Charles Swan e Odette, personagens presentes no livro anterior. Gilberte é seu primeiro grande amor.
Há também no livro um retrato extremamente interessante sobre a sociedade aristocrata francesa daquela época, no início do século XX.
Na segunda parte do livro, nós acompanhamos Marcel no processo de realização de um sonho, que é o sonho de conhecer uma cidade francesa litorânea chamada Balbec, conhecida por ser o destino de aristocratas que desejam paz para descansar e\ou cuidar da saúde.
É nessa segunda parte que nós conhecemos um pouco mais a avó de Marcel figura muito importante em sua vida.
Marcel passa alguns meses na cidade de Balbec, e nesse tempo nós acompanhamos um crescimento e amadurecimento do protagonista, que passa a confrontar a si próprio, seus sonhos, pensamentos e conceitos de quando vivia em Paris.
O caminho de Guermantes
Assim como os outros dois livros citados anteriormente, aqui Proust consegue provar novamente que ele sabe muito bem como levar o leitor para dentro da sua narrativa, descrevendo como ninguém cada detalhe e construindo uma atmosfera literária impecável.
Como já fica óbvio pelo título do livro, “O caminho de Guermantes” faz uma abordagem intensa sobre a família Guermantes, que já é introduzida para nós lá no primeiro livro, onde já começamos a ter uma noção de sua importância e influência na aristocracia francesa.
Marcel passa a frequentar mais a casa dos Guermantes e nós vamos tomando mais conhecimento tanto da “Senhora de Guermantes” quanto do resto da família.
Nós vamos sendo apresentados à árvores genealógicas, costumes e modos da família, e assim nós vamos nos sentindo cada vez mais conectados com a família Guermantes.
Há também momentos muito divertidos e engraçados no livro, quando Marcel está em companhia de seu amigo Saint-Loup.
Assim como momentos muito belos e apaixonantes, quando Marcel volta a se encontrar com Albertine, personagem introduzida no livro anterior, com descrições detalhadas e maravilhosas no estilo que só Proust consegue proporcionar.
É nesse livro que existe um capítulo muito famoso de Proust, que ele separou para falar de uma perda sofrida na família, e é considerado por muitos um dos textos mais bonitos do autor.
Ele não costumava separar seus livros em capítulos, e sim em partes, mas esse em especial foi separado para falar desse assunto.
Sodoma e Gomorra
Esse livro é um pouco mais dinâmico do que os já citados anteriormente. Ele começa logo depois dos eventos do livro anterior e já começa em um ritmo mais dinâmico com Marcel narrando o que aconteceu algumas horas antes do fim de “O caminho de Guermantes”.
Se você conhece a história bíblica das cidades de Sodoma e Gomorra, já deve ter noção do ponto principal abordado no livro. E tudo isso já fica claro logo no início, quando Marcel segue o Barão de Charlus e um criado e ouve barulhos sugestivos dos dois.
Assim como o anterior, o livro é dividido em duas partes; a primeira é a menor e contém apenas 50 páginas que conta esse episódio observado por Marcel e faz uma reflexão sobre a homossexualidade e os conceitos sociorreligiosos que isso implicava naquela época.
Diante disso, é interessante nos lembrarmos que esse livro foi publicado no começo dos anos 20, lá no século passado.
A segunda parte é subdividida em outras quatro partes e já começa narrando os eventos que se seguiram após o fato abordado na primeira parte.
A partir disso nós percebemos como o protagonista, ao mesmo tempo que perde seu olhar inocente, começa a ficar obcecado por classificar as pessoas como ‘frequentadores’ ou não da cidade de Sodoma, como ele passa a chamar os homossexuais e começa.
Além disso, alguns outros personagens são trazidos novamente ou mencionados após sua morte.
A prisioneira
Esse volume é um volume um tanto diferente dos anteriores, e isso pode ser pelo fato de Marcel Proust não o ter publicado em vida. Os três últimos livros da série “Em busca do tempo perdido” foram escritos por ele, mas não chegaram a ser publicados por ele.
Nos outros 4 volumes anteriores, as histórias se passam em lugares mais variados, chegando a se passarem em cidades diferentes em um livro só, ou propriedades diferentes em uma mesma cidade. Nesse, cerca de 60% a 70% da história no apartamento do narrados.
No livro anterior, ele passa a suspeitar que sua amada, Albertine, tenha um caso com outra mulher. E por estar longe de seus pais e com essa obsessão de que ela possa ter um caso lésbico, ele a chama para morar com ele em Paris.
O livro é dividido em três partes:
A primeira parte é denominada “Vida em comum com Albertine”, que narra o cotidiano de Marcel, Albertine e a empregada no apartamento em Paris, e aborda o ciúme de Marcel diante da desconfiança de que sua parceira tenha um caso homossexual.
A segunda parte aborda o rompimento do Barão de Charlus com os Verduran, e, no meio disso, o narrador nos leva a questionar se o Barão de Charlus é ou não de um violinista de quem é muito próximo.
Na terceira e última parte, o narrador aborda com mais profundidade o ciúme de Marcel por Albertine e os desentendimentos que isso leva.
A fugitiva
Para quem leu o livro anterior até o fim, o título desse livro faz total sentido e carrega o peso do que era ser mulher na sociedade aristocrata europeia do século XX, onde, metaforicamente, muitas vezes só se podia ser prisioneira ou fugitiva.
O narrador, agora sem a sua amada, Albertine, começa a trocar cartas com ela e fazer uma espécie de jogo de desinteresse, fingindo não sentir a sua falta.
O leito não consegue saber se a mulher está sendo totalmente verdadeira nas cartas, afinal, ele não está.
Essas trocas de carta seguem até que Marcel toma coragem de escrever para Albertine abrindo seu coração e admitindo seus sentimentos para ela. No entanto, a volta de Albertine para a sua vida não é mais possível.
A partir desse fato, nós passamos a acompanhar o nosso protagonista mergulhar-se em um completo luto pela perda de seu amor e na tentativa de esquecer a sua amada.
E maior que a tristeza por não poder ter a sua amante de volta, é a tristeza por não conseguir esquecê-la.
Seguindo essa jornada do protagonista em busca de superar e reparar o seu coração partido e esquecer Albertine, aos poucos vamos observando alguns acontecimentos que proporcionam a ele algumas formas de distrações que contribuem para isso.
Mas ao mesmo tempo que Marcel deseja esquecer Albertine e deixar de amá-la, ele não consegue deixar de lado a obsessão por descobrir se ela tinha ou não casos com outras mulheres, já que seu ciúme era direcionado exclusivamente para mulheres.
O tempo redescoberto
O último livro dessa série tão famosa e renomada de Marcel Proust começa a partir do final do sexto livro e segue com o narrador indo para outras cidades até retornar para Paris e ir se internar em um sanatório, quando se inicia a Primeira Guerra Mundial.
Boa parte do livro se passa durante a Primeira Guerra Mundial, que como nós sabemos, levou posteriormente à Segunda Guerra Mundial.
Em cima disso, o narrador vai contando o que aconteceu com cada personagem que fomos conhecendo ao longo desses 6 volumes, como por exemplo o triste destino de Robert, que era um soldado aposentado e volta a ativa para lutar na Guerra.
Nos é mostrado também como a Senhora Verduran se aproveita do momento para se elevar ainda mais socialmente, com seus clubes sendo cada vez mais frequentados.
Assim como o Barão de Charlus, que é talvez o personagem mais importante desse volume, e está cada vez pior e mais decadente, além de ter um posicionamento controverso perante, pois espera que a França perca.
Apesar de ter um tom mais pesado e talvez até obscuro, esse livro fecha muito bem essa série e os arcos dos personagens, concluindo com maestria todas as histórias sem deixar a desejar na qualidade.
Grandes reviravoltas e finais inesperados de alguns personagens faz com que a obra, mesmo em seu final, ainda seja empolgante e nos traz uma boa sensação de conclusão para a história.
E aí, qual dos 7 livros mais te atraiu?
Vanessa Oliveira é uma baiana graduanda em letras com inglês pela UNEB. Tem paixão pelas áreas do audiovisual, música e literatura. Seu interesse em livros começou na adolescência com livros sobre fantasia e aventura, que abriram as portas para o vasto universo literário.