16 Melhores Livros de Jean-Jacques Rousseau Para Ler em 2023
Tenho certeza de que você já deve ter visto ou ouvido em algum lugar que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, certo?
Esse é um pensamento filosófico muito conhecido, mas o que talvez nem todo mundo saiba é de onde vem esse pensamento. Quem foi o autor dessa frase tão conhecida e emblemática.
Esse homem foi ninguém menos que Jean-Jacques Rousseau, um dos nomes mais conhecidos da história moderna.
Nascido em 28 de junho de 1712, na Suíça e falecido em 02 de julho de 1778, na França, Rousseau foi um dos grandes nomes do Iluminismo, no século XVII, sendo lembrado até hoje por suas contribuições políticas e filosóficas.
Para lembrar e homenagear o seu legado, hoje nós do Café e Livros listamos os 5 livros mais importantes de Rousseau, para quem deseja conhecer um pouco mais sobre o autor e\ou suas ideias.
Conteúdo:
ToggleDiscurso sobre as ciências e as artes (1750)
Esse é o primeiro grande discurso de Rousseau. Ele se destacou com essa obra, pois, com ela, ele ganhou o prêmio mais importante de escrita da época: o Prêmio Moral da Academia de Ciências e Belas-Letras de Dijon.
No livro ele responde a seguinte pergunta: a ciência estaria elevando o homem ao progresso?
Bem, é bom que você já comece o livro sabendo que, nele, Rousseau conduz uma negativa, mas também tenha em mente que a resposta para essa questão que ele mesmo levanta é muito mais complexa que apenas “não”.
Enquanto o outros filósofos valorizavam a cultura atual daquela época, Rousseau foi pelo caminho contrário, pois percebeu que eles estavam indo por esse caminho visando a conquista de luxos, honrarias, luxos e coisas do tipo.
Sendo assim, é incorreto afirmar que, mesmo se tratando de uma negativa, ele está sendo contrário à ciência em si, a crítica que ele faz é direcionada à sociedade.
Para ele, tanto as ciências quanto as artes estavam levando a sociedade em direção à decadência moral. Isso porque, segundo ele, ambas davam ao povo uma falsa sensação de progresso e evolução positiva.
Ele acreditava que a forma como estava sendo conduzida a busca pelo conhecimento e aprimoramento no campo científico e artístico, estava ocasionando, como consequência, uma desvalorização moral e aumento na desigualdade social.
Seguindo essa linha de raciocínio, ele acreditava que isso fazia com que as pessoas se tornassem mais corruptas e pensassem apenas em si mesmas.
Contudo, se analisarmos suas palavras e considerarmos o contexto e a época em que elas foram escritas, veremos que esse livro é uma clara crítica à sociedade francesa daquela época.
Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens (1755)
Nessa obra publicada em 1755, Rousseau, mais uma vez, nos leva a questionar nossos próprios conceitos, desta vez nos fazendo pensar sobre a desigualdade social.
Aqui ele produz uma resposta para uma questão proposta pela de Academia de Dijon. Essa questão nada mais era que um questionamento sobre qual a origem das desigualdades.
Rousseau faz um crítica, que chega a ser considerada radical, a todos os teólogos do direito natural e contratualistas anteriores a eles.
Assim, ele mostra que tais conceitos foram utilizados para criar uma mentira na razão e, acima de tudo, uma escravidão.
Rousseau defendia que a filosofia política sempre foi favorável para aqueles que detinham o poder. E é justamente pensando em tudo isso, e em acabar com esse padrão, que ele se propõe a resolver o fortuito das desigualdades.
E, com isso, ele não pretendia se questionar apenas sobre as origens das desigualdades, mas também, sobre seus fundamentos.
De acordo com as suas análises, pode se dizer que, no estado primitivo natural humano, a desigualdade é praticamente nula.
Ela nasceu, se desenvolveu e ganhou força à medida que nós nos desenvolvemos como sociedade, e assim, ela se instalou definitivamente através do estabelecimento das propriedades e das leis.
Quando o homem viva em sua forma primitiva, tais desigualdades não existiam.
Porém, depois da revolução agrícola, quando o ser humano deixou de se mudar constantemente como meio de conseguir alimento e passou a ter bens materiais e propriedades, deu início a conflitos para protegê-los e disputas por cada vez mais bens e propriedades.
Tantos conflitos levou consequentemente à criação e implementação de leis que acabavam favorecendo muito mais quem tinha mais posses e desfavorecendo quem tinha menos, dando início à desigualdade social.
O Contrato Social: Princípios do Direito Político (1762)
Agora vamos para mais um clássico de Rousseau, desta vez mais voltado para a política. Esse livro que, de acordo com Afonso Bertagnoli, foi praticamente a bíblia dos partidos políticos durante a época da Revolução Francesa.
Esse livro inicialmente faria parte de um trabalho maior, entretanto, Rousseau o abandonou e manteve apenas essa parte. Ele foi difundido lentamente, já que foi proibida na França e foi condenada na Suíça, onde, junto com uma outra obra sua, foi queimado.
O ponto principal desse trabalho é a teoria do autor sobre a origem do Estado e a busca dele pela melhor forma de organização social e como ela teria que ser, e determinar as condições de possibilidade de um tratado social legítimo.
Assim como tornar o povo a fonte básica de toda e qualquer soberania política decretar o bem comum como finalidade do governo e consolidar a ideia de que o Estado é uma estrutura social.
Esse livro acabou se tornando um dos mais importantes da política moderna, mas é importante salientar que, para uma melhor compreensão dessa obra, é interessante que ela seja estudada em conjunto com o livro anteriormente citato e o próximo da lista.
Aqui, segundo Rousseau, a sociedade como conhecemos é construída a partir de uma espécie de contrato social implícito.
Nesse contrato, nós abrimos mão de uma parte da nossa liberdade e em troca recebemos proteção e benefícios do Estado.
Sendo assim, de acordo com o pensamento de Rousseau, o Estado deve ser responsável por garantir a liberdade, a igualdade e o bem-esta do povo. Mas isso só pode ser feito se o povo estiver de acordo.
Emílio ou Da educação (1762)
Primeiramente, é importante informar que este é um livro inclassificável. Isso significa que ele não está classificado em apenas um gênero específico. Ele se encaixa tanto nos gêneros do ensaio, confissão e do tratado quanto na ficção romântica.
Através dele nós conseguimos compreender que a educação é algo tão complexo que seria incorreto fazer dela uma mera teoria sistemática, muito menos reduzi-la a um conjunto de regras.
Esse livro foi publicado junto com o anteriormente citado, “O Contrato Social: Princípios do Direito Político”, e, como foi dito, eles são tidos como um complemento um para o outro.
Rousseau achava importante fazer a separação do conceito de ser humano e de cidadão.
Sendo assim, aqui ele fez uma antropologia do indivíduo político acompanhando as idades da vida, desde o bebê até a idade adulta, tendo como ponto de partida a liberdade e a bondade natural do indivíduo.
Dessa forma, o autor leva o protagonista, Emílio, a viver passo a passo a viver integralmente na sociedade.
Ao longo do livro, nós nos deparamos com um conflito paradoxal, uma vez que a proposta aqui é socializar o ser humano sem o desnaturalizar, ou seja, como é possível içar o ser humano a cultura sem que ele perca sua natureza?
Para responder isso, Rousseau deu segmento a sua teoria tirando a educação da responsabilidade exclusiva dos educadores, ou professores por assim dizer, e levando em conta a própria natureza humana.
Ele também segue o caminho oposto da educação usual, pois considera que ela tenha uma tendência deplorável de querer transformar as crianças em adultos antes da hora, e, para isso, usa o que chama de ‘educação negativa’, que consiste basicamente em preservar a essência.
Os devaneios do caminhante solitário (1782)
Esse livro foi escrito por Rousseau e publicado 4 anos após a sua morte. Ele foi o último livro escrito pelo filósofo, escritor e teórico iluminista, antes de falecer, tendo sido escrito entre os anos de 1776 e 1778, seus últimos anos.
Nele, Rousseau escreveu sobre si mesmo, sobre suas próprias impressões a respeito do mundo e sobre o seu universo interior. Ele vivia um momento delicado em sua vida, e isso poder ser visto claramente no livro.
Com a publicação de “Emilio” e do “Contrato Social”, ao defender uma religião natural do indivíduo e sem ritos em um e defender um governo republicano em outro, arrumou desavenças com católicos e protestantes, e monarquistas e aristocratas, e entre eles estavam pessoas poderosas.
Com isso, ele se tornou uma pessoa indesejada e, depois disso, esquecida, chegando a distribuir seus escritos a passantes nas ruas de Paris. Ele descreveu a sensação como a de ser enterrado vivo por toda uma geração.
Foi exatamente momento que ele escreveu este livro. A primeira frase do livro já mostra a natureza da narrativa, quando ele diz “Eis-me sozinho na terra”.
Ele dividiu o livro, em vez de parte 1 e 2 ou outros títulos, em devaneios \ caminhadas.
A palavra “caminhante” no nome do livro não é por acaso, afinal ele adorava caminhar, e assim ele ia organizando suas ideias.
Podemos dizer que esse é um livro extremamente melancólico, escrito por um homem velho, amargurado e abandonado. Mas, ao mesmo tempo, muito doce, pois aqui ele escreveu também o que ele considerava a verdadeira felicidade o que considerava importante.
Diante disso, Rousseau escreveu esse livro para ele mesmo, apenas pelo simples prazer que ele tinha de escrever, de devanear e refletir, sem a preocupação de pensar sem os outras vão gostar de ler sua obra ou não.
Confissões (1782)
Para finalizar, chegamos ao último, mas não menos importante, livro da nossa lista. Trata-se de uma autobiografia de Jean-Jacques Rousseau, que também foi publicada postumamente, e que é considerado um dos primeiros e mais importantes e influentes livros desse gênero.
O livro é dividido em duas partes, e nessas duas partes nós podemos conhecer um pouco mais a fundo a vida do autor, desde a sua infância, na Suíça, até sua vida adulta, na França.
Fazendo jus ao nome da obra, aqui Rousseau não teve nenhuma hesitação em se expor.
É notável a honestidade contida nos relatos. Ele não se poupou de expor seus pensamentos, suas falhas, erros, atos que ele considerava pecaminosos, entre outras confissões.
Como já é de se esperar, vindo dele, Rousseau, expõe também os seus pensamentos políticos e filosóficos, principalmente acerca da natureza humana, que foi objeto de estudo e de trabalho durante quase toda a sua vida, assim como acerca da sociedade também.
Ele também critica a sociedade daquela época, com suas corrupções e desigualdades, e chega a propor uma visão um tanto utópica de uma sociedade justa e igual para todos.
Para os amantes de história, esse livro é um prato cheio, pois contém uma vastidão de detalhes da vida cotidiana de Rousseau na França do século XVIII. Com isso nós podemos nos sentir mais próximos da moda, arte, cultura e vários outros elementos da época.
No entanto, mesmo com sua grande fama e importância, graças à forma como ele expôs seus pensamentos mais íntimos no livro, Rousseau também atrai críticas com ele.
Isso porque algumas pessoas apontam aspectos como uma tendência de Rousseau de se colocar sempre como uma vítima e nunca se ver como o culpado por seus próprios problemas, culpando sempre os outros.
Há também que duvide e questione a veracidade dos relatos feitos pelo autor, por acreditarem quem ele pretendia construir uma imagem armada e idealizada de si próprio.
Mas é certo que, independente disso, essa é uma leitura que deveria estar na lista de qualquer pessoa que se interessa por filosofia, política, sociologia ou história.
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Vanessa Oliveira é uma baiana graduanda em letras com inglês pela UNEB. Tem paixão pelas áreas do audiovisual, música e literatura. Seu interesse em livros começou na adolescência com livros sobre fantasia e aventura, que abriram as portas para o vasto universo literário.