Quem não ama os versos leves e fluidos como a água do mar que encontramos ao ler uma poesia? A Equipe do café e Livros produziu uma lista especial para quem gosta desse estilo de escrita. Confira a seguir.
A poesia pode ser escrita sobre diversos temas e de formas distintas também, por isso, cativa tantos leitores e os fazem finalizar tantos livros rapidamente.
Ao ler poesias, você poderá se identificar com alguma situação vivida pelo autor ou autora ou, abrir os olhos e notar situações que antes passavam despercebidas.
Além disso, esse tipo de texto nos incentiva a refletir sobre diversas questões como o papel da mulher na sociedade e como a época em que vivemos ainda contribui para a pouca ascensão feminina.
Veja abaixo os exemplares que selecionamos e decida qual o melhor para comprar e começar a ler agora.
Melhores livros de poesia
Sentimento do Mundo, Carlos Drummond de Andrade
Drummond de Andrade é um dos maiores autores do Brasil, este livro é uma das provas disto. Esse livro incrível vai encantar os amantes de poesia.
Não espere uma poesia métrica aqui, Andrade nunca gostou desse estilo de escrita e era um dos maiores defensores da poesia livre, sem medição e sem a exigência de rimas.
Tendo em sua maior parte poemas prosaicos, o autor escreve como se estivesse em meio a uma conversa, como se ele estivesse no meio de uma prosa com o leitor.
Esse é um dos motivos pelos quais o livro é tão interessante, já que você se sentirá realmente conversando com o autor em um diálogo íntimo e leve.
Ele fala também de assuntos muito pontuais da vida, levando você, o leitor, a uma profunda reflexão de suas ações.
Drummond de Andrade confia sua vida ao leitor, contando histórias de sua vida que proporcionam um sentimento de identificação ao mostrar momentos simples aos quais muitas pessoas não prestam atenção sendo transformados em poesia.
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Perto do Coração Selvagem, Clarice Lispector
Sendo um livro conhecido por ser difícil de digerir, Perto do Coração Selvagem segue a história de vida de Joana que narra sua vida separando-a em dois blocos. Sua infância e sua maioridade.
Além de Joana, alguns outros personagens aparecem como: seu pai, sua tia e seu tio. Esses personagens fazem a trama ser ainda mais completa.
Escrito quando Clarice tinha somente vinte anos, esse livro representa uma mudança radical na forma de fazer poesia da época em que a escritora vivia. É aqui que Lispector fica conhecida pelo seu traço totalmente inovador, elíptico, solto e fragmentado.
Alguns críticos dizem que este livro muda radicalmente a forma como o romance brasileiro era escrito nas últimas duas décadas. Lêdo Ivo, por exemplo, afirma que ele é a maior novela escrita por uma mulher em língua portuguesa. Incrível, não?
Em 1965, estreia-se a peça baseada no livro, escrita no ano de 64 e criada por Fauzi Arap. O ano que marcou o início da ditadura civil-militar no Brasil.
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Outros Jeitos de Usar a Boca, Rupi Kaur
Este livro é o primeiro publicado pela autora trazido ao Brasil pela editora Planeta. Ele trata principalmente do feminismo e da violência que mulheres sofrem diariamente.
A autora divide o livro em quatro partes: a dor, o amor, a ruptura e a cura.
Cada uma dessas partes traz ao leitor interpretações muito próprias e muito características das violências emocionais e físicas que as mulheres sofrem simplesmente por serem mulheres e por estarem inseridas em uma sociedade ainda patriarcal.
Além disso, a leitura relembra a forma em que a nossa sociedade consegue tirar das mulheres sua identidade, sua independência e seu amor-próprio.
Apresente linguagem muito fluida e casual, a autora tem como propósito derrubar estereótipos errôneos que a sociedade criou e impôs, tornando as mulheres submissas e “fracas”.
A primeira parte trata sobre o relacionamento entre pais e filhas, criticando a forma de ensino que alguns homens têm para suas pequenas, limitando suas ações e promovendo a normalidade da submissão.
Na segunda parte, a autora disserta sobre o sentimento do amor, a maternidade, relações mais aprofundadas entre homens e mulheres e de que forma elas são pautadas usando a criação e o sentimento em favor.
A ruptura aborda as relações doentias e de que forma a mulher pode se libertar desses relacionamentos para encontrar o que há de melhor dentro de si.
Na última parte, a cura, ela fala sobre como depois da libertação vem uma das partes mais difíceis. Deixar tudo para trás e focar somente no futuro.
O interessante aqui é como um assunto complexo e atual toma forma em palavras simples e fáceis de entender. Direcionadas principalmente para mulheres que passam por situação de abuso ou, para quem deseja acolhê-las.
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Tudo Nela Brilha e Queima, Ryane Leão
Tudo Nela Brilha e Queima é o primeiro livro da autora, que transcreve para a poesia o que muitas mulheres gostariam de falar em voz alta.
Ryane costumava escrever em blogs antes de publicar seus poemas, tendo neles temas envolvendo majoritariamente o feminismo, racismo e sexualidade.
Os assuntos que aborda fazem total sentido sabendo que ela é uma mulher preta e lésbica.
Alguns de seus poemas são verdadeiros tapas na cara e motivações para sairmos da zona de conforto.
Já outros, são vistos como abraços, trazendo muito de sua própria vivência para os versos que ela escreve. Você, com certeza, vai se identificar em alguma fala da autora.
Logo na orelha do livro pode ser visto um poema de introdução que explica muito bem o tipo de conteúdo que lhe aguarda nas próximas páginas.
É um livro fácil de encontrar em lojas online. Outra opção é buscar a autora no YouTube para ouvi-la declamar seus poemas e sentir ainda mais proximidade com as palavras ditas por Ryane.
A Princesa Salva a Si Mesma Neste Livro, Amanda Lovelace
Esta compilação de poesias é o primeiro de uma coleção chamada de “As Mulheres têm uma Espécie de Magia”, é nitidamente um livro autobiográfico e além do próprio, todos os outros exemplares da coleção são divididos em quatro partes:
A princesa, a donzela, a rainha e você.
E se você é um ou uma potterhead, melhor ainda! Nesse livro, poderão ser vistos, desde a dedicatória, várias referências a coleção de livros e filmes Harry Potter, escritos por J. K. Rowling.
O livro conta de forma poética, as vivências da autora. Ao final do livro, Lovelace agradece ao leitor por tê-la acompanhado nessa jornada.
A história é muito pessoal, o que faz com que diversos leitores se identifiquem com as situações narradas e tenha o livro como uma leitura ainda mais íntima.
Ela conta sobre relacionamentos abusivos, disfunções alimentares, a perda de familiares próximos, rejeições amorosas e até mesmo sobre o encontro com seu companheiro de vida.
Lançado em 2016, essa coletânea fala principalmente sobre resiliência e sobre como você não precisa esperar pelo cavaleiro em armadura cintilante. Você pode salvar a si mesmo.
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A Teus Pés, Ana Cristina César
Publicado pela primeira vez em 1982, esse exemplar é, na verdade, uma coletânea dos livros que a autora já publicou inteira, até o momento. É também o único publicado em vida, já que, no ano seguinte, a autora cometeria suicídio.
Na coletânea é incluso o livro “A Teus Pés”, um exemplar inédito que seguiu acompanhado de outros lançamentos. É um livro pequeno e de leitura muito rápida, tem cerca de 120 páginas, apenas.
Houveram também algumas outras obras que a autora publicava de forma independente como o Cenas de Abril, o Correspondência Completa e por fim o Luvas de Pelica.
A autora faz parte do movimento do poetas da década de 70 chamado de Literatura Marginal, a Ana Cristina uma das poucas (talvez a única) mulheres ligadas a esse movimento.
Foi quem mais se sobressaiu, estudada até os dias atuais. No auge da ditadura, ela surgiu junto a outros autores no movimento denominado contracultura, fazendo parte de um grupo que se recusava a seguir o que as editoras exigiam deles em caráter de censura.
A autora, como muitos outros de sua época, imprimia seus livros em mimeógrafos (as antigas copiadoras) fazendo tudo de forma artesanal e distribuindo seus livros na rua, muitas vezes não cobrando por isso.
Os poemas são vistos como estranhos e desconexos, á que apresentam até mesmo palavras em inglês e em francês. Essa característica os faz, à primeira vista, esteticamente esquisitos.
Entretanto, após se acostumar e seguir com a leitura, você verá e compreenderá que é essa estrutura que faz dos poemas desse livro tão originais e cativantes.
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Canções de Atormentar, Angélica Freitas
Angélica Freitas é brasileira e gaúcha. Além disso, tem sua obra voltada especialmente a um público de pensamento crítico e feminista. Seu outro livro, “Um Útero é do Tamanho de um Punho” já foi indicado como leitura obrigatória para quem iria prestar o vestibular.
Nesse exemplar, a autora convida o leitor a melhor visualizar certas situações que passam geralmente despercebidas, mas, devem ser notadas e criticadas com maior fervor.
É um livro que aborda temas atuais, circundando o machismo, a posição imposta da mulher na sociedade e até mesmo traz características da vida de Angélica Freiras, a autora do livro.
É comum encontrar alguns trechos que falam sobre sua infância.
Ele une nesse livro, os poemas escritos ente 2008 e 2020. Parte de uma ideia de performance feita por Freitas com a jornalista Juliana Perdigão em 2017, no formato voz e guitarra.
Apesar de ter sido lançado recentemente (2020), o livro encanta de um jeito único e característico trazendo um tópico importante para melhor compreensão da sociedade em que vivemos.
Para o meu Coração num Domingo, Wislawa Szymborska
Como a mais recente coletânea lançada por Wislawa Szymborska, o livro reúne poesias publicadas entre 1957 e 2001 pela autora polonesa que chegou a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura em 1996.
Sua obra nos mostra como a poesia pode aparecer nos momentos menos valorizados da vida, momentos esses que pouco damos importância, mas, se prestarmos atenção pode dizer muito sobre nós.
Ao ler o livro, você perceberá que a autora está em uma conversa honesta com a morte, com a memória daqueles que se foram e com o seu próprio corpo, sempre agradecendo pelos momentos vividos.
Em “Para o meu Coração num Domingo”, poema que dá título à coletânea, Szymborska se dirige ao seu coração, aqui sendo visto como o grande maestro do corpo humano, para expressar sua gratidão pela vida.
Mesmo que tópicos como a guerra e a vida corriqueira possam ser encontrados em outros poemas de sua autoria, nesta coleção, o tema mais recorrente é a finitude da vida.
Caso você goste de poesia ou não Szymborska é uma autora a qual o trabalho vale a pena ser conferido. Seus versos simples são do tipo que sempre lhe mantém acompanhado (a).
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Toda Poesia, Paulo Leminski
Leminski não tende a se prender em um tema específico, inventando à medida que escreve e mudando de assunto a cada texto.
Muito inventivo, num sentido da imensa criatividade que demonstra ter, não enjoando nem aborrecendo o leitor, Paulo já foi publicitário e estava acostumado a brincar com a linguagem, com as formas visuais que os signos linguísticos podem ter.
Ele não aborda um só tema, não sendo como autores que se mantém em um único assunto, tornando a leitura enfadonha e chata.
Chega a brincar com a própria personalidade. Além disso, busca inspiração na poesia asiática com os famosos haikai, constrói formas com seus poemas e utiliza do caráter imagético para uma leitura fluida e apetitosa
Podendo talvez ser o poeta brasileiro mais conhecido da segunda metade do século XX, Leminski se tornou um dos autores com os livros mais vendidos do Brasil no lançamento de Toda Poesia, algo muito raro entre poetas, sendo certamente uma obra que vale a pena conhecer.
Poema Sujo, Ferreira Gullar
A edição da editora Companhia das Letras tem a versão mais completa do livro (outra versão parcial foi publicada antes), e tem em seu prefácio a explicação de que cada capítulo do livro espelha uma fase diferente da vida de Gullar.
Ferreira Gullar passou por inúmeras mudanças em sua vida, começando de forma com escritos românticos em seu primeiro livro, mudou completamente, passando para um jogo da linguagem e da experimentação.
Logo após, ele passa para o neoconcretismo seguindo com poesias totalmente distintas a cada livro publicado.
Dificilmente para em um único tema, o que o faz um autor universal. Com certeza, haverão outros exemplares que agradarão você.
Quanto ao título, entenda que Poema Sujo pode ser compreendido em dois sentidos.
Na primeira percebemos quando ele mostra a realidade, uma realidade suja, que pode ser composta de sangue, fezes, urina, e até genitálias.
Na segunda compreensão, o autor é sujo por não permanecer muito tempo falando sobre um tema. Seu estilo consiste em passear por diversos assuntos os transformando em poesia.
Os poemas de Gullar foram tão bem difundidos que outros escritores, como Vinícius de Moraes, expressaram sua opinião sobre os escritos.
Vale muito a pena conferir esse livro e se envolver em diversos temas abordados pelo autor.
Nossos Poemas Conjuram e Gritam, Nina Rizzi
Indicado como um dos melhores livros do ano de seu lançamento, a antologia organizada traz sete das principais autoras brasileiras contemporâneas.
A condição de mulher, de mulher negra e de escritora, é algo muito presente nos poemas selecionados que podem fazer o espectador ficar com os olhos marejados.
O exemplar abriga uma junção das obras de diferentes autores, dentre eles estão: Conceição Evaristo, Esmeralda Ribeiro, Jarid Arraes, Lívia Natália, Natasha Felix, Neide Almeida e Nina Rizzi.
A organizadora, Lubi Prates, diz na apresentação da antologia que: “Uma celebração é sempre coletiva: precisamos segurar nossas mãos, e, assim, dançamos e cantamos, mas também, planejamos nossa liberdade através da poesia”.
O livro transita pelo universo da prosa e da poesia tratando de temáticas como a condição da mulher negra e do negro no Brasil, além de abordar a memória, a resistência e os efeitos históricos de anos de escravidão.
O título da antologia é inspirado na epígrafe do poema “Da conjuração dos versos”, de Conceição Evaristo. A edição da editora Quelônio foi feita em tipografia, com projeto gráfico de Sílvia Nastari.
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Rana Fernandes é graduanda no curso de Licenciatura em História pela UEFS. Suas preferências literárias são histórias de aventura, suspense e fantasia, principalmente quando misturam elementos históricos